Confiabilidade da Homeopatia: O Que Dizem as Evidências Científicas?
- Dr José Luna
- 19 de ago. de 2023
- 3 min de leitura
A homeopatia é um sistema de abordagem médica que desperta interesse e debates dentro da comunidade médica. Embora existam opiniões divergentes sobre sua eficácia, é importante analisar as evidências científicas que foram desenvolvida ao longo dos anos.
A teoria fundamental da homeopatia envolve a ideia de que uma substância que causa sintomas semelhantes aos de uma doença em pessoas saudáveis pode ser usada para tratar esses sintomas em pacientes doentes, quando diluída a níveis extremamente baixos. Essa diluição, conhecida como potencialização, é uma das características distintivas da homeopatia e também uma das mais controversas.
O que é a Medicina Baseada em Evidências (MBE)?
A Medicina Baseada em Evidências (MBE) é uma abordagem no campo da medicina que se baseia na utilização sistemática e criteriosa das melhores evidências científicas disponíveis para tomar decisões clínicas. Ela busca integrar o conhecimento médico atualizado, as preferências do paciente e a expertise clínica do profissional de saúde para oferecer o melhor cuidado possível.
O conceito fundamental da MBE é que as decisões médicas devem ser baseadas em dados confiáveis e sólidos provenientes de pesquisas científicas bem conduzidas. Isso envolve a avaliação crítica da literatura médica, incluindo estudos clínicos, revisões sistemáticas e meta-análises. Essa abordagem permite que os profissionais de saúde evitem a influência de opiniões pessoais, intuição ou tradições que podem não ter um respaldo científico sólido.
O processo de aplicação da Medicina Baseada em Evidências envolve os seguintes passos:
Formular uma pergunta clínica: Definir claramente a questão a ser abordada, incluindo o paciente ou população envolvida, a intervenção ou exposição, a comparação (se houver) e os desfechos relevantes.
Busca por evidências: Realizar uma busca sistemática na literatura médica para encontrar estudos relevantes que possam responder à pergunta clínica.
Avaliação crítica: Avaliar a qualidade metodológica dos estudos encontrados, considerando seu desenho, tamanho da amostra, métodos estatísticos, entre outros critérios.
Síntese das evidências: Resumir e sintetizar os resultados dos estudos de forma objetiva, identificando tendências consistentes e discrepantes.
Aplicação clínica: Integrar as evidências com a experiência clínica do profissional e as preferências do paciente para tomar uma decisão informada.
Avaliação contínua: A MBE também incentiva uma abordagem contínua, na qual as decisões são reavaliadas à medida que novas evidências emergem, permitindo ajustes no tratamento ou abordagem clínica.
A homeopatia é fundamentada em evidências?
É inegável que a MBE é uma abordagem que trouxe avanços significativos para a medicina, ajudando a identificar tratamentos eficazes e seguros com base em estudos controlados e revisões sistemáticas. No entanto, é preciso reconhecer que nem todas as terapias se encaixam perfeitamente no modelo da medicina baseada em evidências (MBE). A homeopatia muitas vezes enfrenta desafios na aplicação desse modelo, devido à natureza complexa e individualizada das substâncias utilizadas, bem como às dificuldades em estabelecer parâmetros de pesquisa adequados para avaliar sua eficácia.
A medicina baseada em evidências tende a padronizar o tratamento com base em médias populacionais. No entanto, os pacientes são únicos, e a variabilidade genética, histórico médico e fatores pessoais podem influenciar a resposta ao tratamento. A abordagem personalizada pode ser necessária em muitos casos, o que pode não ser completamente identificados em estudos que são balanceados pela MBE. Além disso, a saúde é influenciada por uma ampla gama de fatores, incluindo genética, ambiente, estilo de vida, nutrição e fatores sociais. Nem sempre é possível isolar um único fator para avaliar sua eficácia em um estudo controlado. Isso pode levar a resultados inconclusivos ou a uma compreensão limitada do tratamento
As evidências da homeopatia
Em 2007 foi publicado ne Revista Homeopatia um Estudo Clínico, Duplo-Cego, Randomizado, em crianças com amigdalites recorrentes submetidas a tratamento homeopático. Nesse estudo foram selecionados 40 pacientes do ambulatório da disciplina de otorrinolaringologia pediátrica do Hospital São Paulo no período de março de 2020 até setembro de 2001 com indicação de amigdalectomia por infecção de repetição aguardando vaga para cirurgia.
Das 18 crianças que completaram o tratamento homeopático, 14 não apresentaram nenhum episódio de amigdalite aguda bacteriana; das 15 crianças que receberam placebo por 4 meses, 5 pacientes não apresentaram amigdalite. O tratamento homeopático foi eficaz nas crianças com amigdalites recorrentes, quando comparado ao placebo, excluindo 14 crianças (78%) da indicação de cirúrgica. Além disso, o medicamento homeopático não provocou eventos adversos nas crianças.
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